terça-feira, 5 de agosto de 2008

As grandi invenção da humanidadi



Ora pois seo minino
Tudo começou nu nordeste
Um omi chamadu Severino
Foi um inventô cabra da peste

Numa animada festa
tinha até banda di forró
botou dois chifre na testa
di seu vizinho Cabrobó.

Ficô genti nu lamento
Sacanage não si faiz
Mas esse cabra di São Bento
Passa os omi para traiz.

Com a garapa da cana
vejam só que intelejura
O danado safardana
inventô a rapadura.

I antão num é qui foi?
Fabricô mir kilo de linguiça
moendo sozinho um boi
mais teve expricação prá puliça.

Donte ocê tirô o animar
pois sê não é criadô
Severino inté passou mar
Pra si explicá cu dotô.

Tava imbaixo da goiabeira
quano as penca caiu
já pensava a vida intera
donde os bicho da fruta surgiu!

Pegou na mão um danado
incheu de ar por ditraiz
i num é qui u safado
si alongou pur dimais?

Na hora di grandi ventania
Viu um boi avuando
Aos tropicos e na pontaria
Foi logo o chifrudo laçando.

Com os bicho da goiabeira
e o boi bem moidinho
numa longa trabaieira
fez linguiça com tocinho.

Ni uma otra casião
Nu ferru veio du Leléu
inventô o tar du avião
Que arto avoa nu céu.

Inda quano era minino
na máquina di iscrevê boto motô
Foi o tar du Severino
que bolô o cumputadô.

Das teia das aranha
fabrico toaias di mesa
Uma bilizura tamanha
coisa linda, beleza...

Num faiscar, mais qui derepenti
criô um coisa dos mais belo
o Jeti Esqui que deu di presenti
Pro compadi Collor di Mello.

Quanu morava nas roça
Feiz uma tar di injambração
Da véia e cambaia carroça
Criô o tar do caminhão.

O automóver foi facinho
Té qui num deu trabaião
montou ele num instantinho
I vendeu pros alemão.

Da barrica di feijão essi minino
Caprichô na produção
Fabricô cinco submarino
qui viaja pelos marzão.

Du cocho di lavá ropa
Feis um baita canoão
cum bilichi i motô di popa
Prá mór di pescá nu lagoão.

Severino inventô a puesia
cos carvão qui em lápi transformô
e histórias linda iscrevia
pras muieres qui amô.

Feiz suciedade cos lobisome
i cantou as lenda du Brasir
eita intelejumentu di omi
deste terra linda e varonir.

Assuntando um dia a muié
coçô os óios vermeios
o qué qui a rapariga qué?
I dos vrido criô os espeio.

Eita qui este cabra assuntado
Contentô padre, rapariga i dotô
Tamém alegro os moço coitado
us isforçadu trabaiadô.

Inventô a pórva, e us sino das ingreja
Us guarda-chuva, relógio i a tilivisão
Di quebra criô a cachaça i a cerveja
Veiu du agresti a grandi prudução.

Foi prefeito, diputado i presidenti
I nus livro de corder, seo minino
Falam qui eli ajudou a miseraver genti
Brasilero porreta era esti tar di Severino!


(ISSU É TUDO VREDADE SIM SINHÔ,
PREGUNTEM PRO FALECIDO COMENDADÔ)

Maurélio Machado

3 comentários:

Maurélio disse...

Obrigado Miltinho por inserir meu cordel no site.
Abraços

ask disse...

Parabéns Sr. Maurélio!!!

Excelente mesmo... confesso que fiquei surpreso, pois, não sabia que o Sr. escrevia.

Edras

RoBERTA LInzmeier disse...

Maurélio Machado,
Gostei muito desta poesia, a princípio, pelo título, achei que fosse falar dessa nova forma de escrever, que é moda na internet, mas é a linguagem de "raíz" do nordeste. Achei muito interessante, criativo e bem humorado. A meu ver não deve ser muito fácil escrever dessa forma!!!
Um grande Abraço!!!
Roberta